Apesar da crescente
importância das alianças estratégicas na intensificação dos negócios
internacionais competitivos de hoje, a análise científica desse tipo de parceria
tem sofrido dificuldades em decorrência de dois fatores. Primeiro, existe
insuficiência de trabalhos consistentes de natureza analítica, principalmente na
área de modelagem, isto é, formulação de modelos relativos à criação e condução
de alianças estratégicas internacionais (Vonortas e Safioleas, 1997). Segundo,
existe séria deficiência em termos de documentações detalhadas acerca de casos
concretos de formação e consolidação de alianças estratégicas internacionais.
Essa deficiência é ainda mais acentuada quando se consideram alianças
estratégicas entre empresas de países industrializados e empresas de países
emergentes (Vonortas e Safioleas, 1997).
Um dos fatores
críticos que dificulta a coleta e a comparação de dados, é a falta de definições
universalmente aceitas sobre o que constitui uma aliança estratégica. Isto é, em
parte, conseqüência da já discutida insuficiência de estudos de natureza
analítica em nível internacional. Apesar de existirem exceções, como os estudos
de Freeman e Hagedoorn (1995), Hobday (1995), Vonortas e Safioleas (1997) e
Narula e Sadowski (1998), a insuficiência de dados e de estudos é muito aguda no
caso dos países emergentes. Assim, a maior parte dos trabalhos existentes
relativos às alianças estratégicas focaliza as parcerias criadas dentro de um
número específico de países industrializados. Muitas vezes os resultados desses
estudos são generalizados, como se fossem aplicáveis à maioria das alianças
estratégicas formadas em outros países, principalmente nos países ditos
emergentes. Isso representa sério déficit na área de pesquisa, principalmente se
considerarmos o grande potencial das alianças estratégicas no sentido de
contribuir para o desenvolvimento econômico dos países emergentes. A formação de
alianças estratégicas com empresas de países industrializados permite às
empresas dos países emergentes obter melhor acesso à tecnologia e aos mercados
estrangeiros, além de possibilitar aos países em desenvolvimento ganhar os
recursos necessários para a melhoria da infra-estrutura nacional.
Se nos concentramos
no caso do Brasil, os problemas citados acima agravam-se ainda mais. Há diversas
indicações de que os processos de abertura, integração e estabilização no Brasil
estiveram entrelaçados com movimentos de formação de parcerias entre empresas
brasileiras e empresas estrangeiras, os quais têm, aparentemente, ocorrido em
escala apreciável; no entanto existem poucos estudos, como os de Arruda e Arruda
(1997, 1998), e análises empíricas com relação ao processo de formação e
desenvolvimento dessas alianças internacionais em âmbito nacional. Um fator que
contribui para isso é a inexistência de estudos que visem ao desenvolvimento de
referencial teórico consistente, que sirva, por sua vez, como base para a
análise do processo de formação de parcerias empresariais.
O CONCEITO DE
ALIANÇA ESTRATÉGICA
Como já dito
anteriormente, faltam definições universalmente aceitas sobre o que constitui
uma aliança estratégica. Isso é, em parte, conseqüência da já discutida
insuficiência de estudos de natureza analítica, em nível internacional. Esse
fato faz com que diversos autores utilizem conceitos diferentes na elaboração de
seus estudos que se reportam à formação de parcerias internacionais, como pode
ser visto no Quadro 1.

Ainda assim, para o
pesquisador envolvido em analisar o processo de formação e consolidação de
alianças estratégicas, torna-se fundamental a adoção de uma definição precisa de
aliança estratégica, principalmente para evitar que esse termo tenha
significados diferentes para diferentes pessoas e contextos. Conforme se vê no
Quadro 1, existem autores que adotam uma visão mais
restritiva de aliança estratégica, ou seja, não consideram como aliança
estratégica certas relações interempresariais como, por exemplo, fusões e
aquisições. Ao contrário destes, outros autores adotam uma visão mais ampla,
classificando como aliança estratégica diversas formas de acordos de cooperação
e parceria entre empresas.
A Figura 1 mostra as diferentes e possíveis formas que uma
aliança estratégica pode assumir. A escolha dos diferentes tipos de alianças
estratégicas a serem considerados em um estudo vai depender, entre outros
fatores, do tipo de pesquisa adotado, do universo e da amostra a serem
analisados, das limitações impostas pelo método utilizado no estudo etc.

Revista de Administração Contemporânea
versão On-line ISSN
1982-7849
Rev. adm. contemp. vol.6 no.1 Curitiba jan./abr. 2002
<http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000100006>
ARTIGOS
Alianças
estratégicas: conceito e teoria
Marcelo Cabus
Klotzle
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