segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O CONCEITO DE ALIANÇA ESTRATÉGICA

Apesar da crescente importância das alianças estratégicas na intensificação dos negócios internacionais competitivos de hoje, a análise científica desse tipo de parceria tem sofrido dificuldades em decorrência de dois fatores. Primeiro, existe insuficiência de trabalhos consistentes de natureza analítica, principalmente na área de modelagem, isto é, formulação de modelos relativos à criação e condução de alianças estratégicas internacionais (Vonortas e Safioleas, 1997). Segundo, existe séria deficiência em termos de documentações detalhadas acerca de casos concretos de formação e consolidação de alianças estratégicas internacionais. Essa deficiência é ainda mais acentuada quando se consideram alianças estratégicas entre empresas de países industrializados e empresas de países emergentes (Vonortas e Safioleas, 1997).
Um dos fatores críticos que dificulta a coleta e a comparação de dados, é a falta de definições universalmente aceitas sobre o que constitui uma aliança estratégica. Isto é, em parte, conseqüência da já discutida insuficiência de estudos de natureza analítica em nível internacional. Apesar de existirem exceções, como os estudos de Freeman e Hagedoorn (1995), Hobday (1995), Vonortas e Safioleas (1997) e Narula e Sadowski (1998), a insuficiência de dados e de estudos é muito aguda no caso dos países emergentes. Assim, a maior parte dos trabalhos existentes relativos às alianças estratégicas focaliza as parcerias criadas dentro de um número específico de países industrializados. Muitas vezes os resultados desses estudos são generalizados, como se fossem aplicáveis à maioria das alianças estratégicas formadas em outros países, principalmente nos países ditos emergentes. Isso representa sério déficit na área de pesquisa, principalmente se considerarmos o grande potencial das alianças estratégicas no sentido de contribuir para o desenvolvimento econômico dos países emergentes. A formação de alianças estratégicas com empresas de países industrializados permite às empresas dos países emergentes obter melhor acesso à tecnologia e aos mercados estrangeiros, além de possibilitar aos países em desenvolvimento ganhar os recursos necessários para a melhoria da infra-estrutura nacional.
Se nos concentramos no caso do Brasil, os problemas citados acima agravam-se ainda mais. Há diversas indicações de que os processos de abertura, integração e estabilização no Brasil estiveram entrelaçados com movimentos de formação de parcerias entre empresas brasileiras e empresas estrangeiras, os quais têm, aparentemente, ocorrido em escala apreciável; no entanto existem poucos estudos, como os de Arruda e Arruda (1997, 1998), e análises empíricas com relação ao processo de formação e desenvolvimento dessas alianças internacionais em âmbito nacional. Um fator que contribui para isso é a inexistência de estudos que visem ao desenvolvimento de referencial teórico consistente, que sirva, por sua vez, como base para a análise do processo de formação de parcerias empresariais.
O CONCEITO DE ALIANÇA ESTRATÉGICA
Como já dito anteriormente, faltam definições universalmente aceitas sobre o que constitui uma aliança estratégica. Isso é, em parte, conseqüência da já discutida insuficiência de estudos de natureza analítica, em nível internacional. Esse fato faz com que diversos autores utilizem conceitos diferentes na elaboração de seus estudos que se reportam à formação de parcerias internacionais, como pode ser visto no Quadro 1.
Ainda assim, para o pesquisador envolvido em analisar o processo de formação e consolidação de alianças estratégicas, torna-se fundamental a adoção de uma definição precisa de aliança estratégica, principalmente para evitar que esse termo tenha significados diferentes para diferentes pessoas e contextos. Conforme se vê no Quadro 1, existem autores que adotam uma visão mais restritiva de aliança estratégica, ou seja, não consideram como aliança estratégica certas relações interempresariais como, por exemplo, fusões e aquisições. Ao contrário destes, outros autores adotam uma visão mais ampla, classificando como aliança estratégica diversas formas de acordos de cooperação e parceria entre empresas.
A Figura 1 mostra as diferentes e possíveis formas que uma aliança estratégica pode assumir. A escolha dos diferentes tipos de alianças estratégicas a serem considerados em um estudo vai depender, entre outros fatores, do tipo de pesquisa adotado, do universo e da amostra a serem analisados, das limitações impostas pelo método utilizado no estudo etc.


Revista de Administração Contemporânea

versão On-line ISSN 1982-7849
Rev. adm. contemp. vol.6 no.1 Curitiba jan./abr. 2002

<http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552002000100006>

 ARTIGOS

Alianças estratégicas: conceito e teoria

Marcelo Cabus Klotzle

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