sábado, 4 de agosto de 2012

Estatais: questões centrais para a modernização do Estado brasileiro

      A renovação da agenda reformista passa pela definição de quais são as questões centrais para a  modernização do Estado brasileiro. Nesta linha de raciocínio, propomos aqui quatro eixos estratégicos:  

  • Profissionalização:  No que tange à profissionalização da burocracia, há cinco questões importantes que devem nortear a modernização administrativa: 
    • a redução dos cargos em comissão, 
    • a profissionalização do alto escalão governamental,
    • a redefinição e fortalecimento das carreiras estratégicas de Estado,
    • o aumento do investimento em capacitação dos servidores públicos, e
    • a criação de novo relacionamento entre o Estado e os sindicatos dos servidores públicos.
  • Eficiência:  Uma questão-chave é a mudança na lógica do orçamento, hoje marcada pelo  descompasso entre o planejamento mais geral de metas e a forma como a peça é elaborada e executada anualmente. No campo da elaboração, deve-se atacar tanto o caráter “engessado” da maior parte das despesas, quanto as ações extremamente fragmentadas originadas das emendas parlamentares. No fundo, são duas faces da mesma moeda, pois a definição de um grande número de gastos obrigatórios deriva da desconfiança em relação ao emendismo parlamentar, e este se torna uma válvula de escape para que os congressistas tenham algum poder de decisão orçamentária. A irracional soma destes dois aspectos produz um resultado básico: os partidos e, especificamente, o Legislativo tornam-se incapazes de definir uma agenda programática e sistêmica de políticas governamentais. A eficiência, além de reduzir gastos governamentais, pode otimizar os recursos à disposição tanto do Estado quanto dos cidadãos. No primeiro caso, por meio de parcerias público-privadas (PPPs) e formas de concessão que alavanquem a capacidade de investimento dos níveis de governo.

  • Efetividade: A efetividade é outro eixo fundamental para uma visão de gestão de longo prazo, uma vez que as políticas públicas cada vez mais têm seu desempenho avaliado pelos resultados efetivos que trazem aos cidadãos. Por exemplo, o norte da efetividade é reduzir a criminalidade, e não multiplicar presídios. Desse modo, para além da eficácia — constituída pelos produtos da ação governamental —, a ação efetiva é mensurada por indicadores de impacto. A gestão por resultados é hoje a principal arma em prol da efetividade das políticas públicas. Para tanto, é preciso orientar a administração pública por metas e indicadores. Embora estes já tenham sido introduzidos em algumas experiências brasileiras, o seu uso ainda é bem restrito, pouco conhecido do público e, pior, de pequena assimilação junto à classe política. Esta revolução gerencial dependerá, portanto, de um convencimento dos diversos atores políticos e sociais sobre a necessidade de se adotar este novo modelo de gestão. Daí que não bastarão alterações institucionais; serão necessárias mudanças na cultura política, como ocorreu no caso da responsabilidade fiscal.

  • Transparência/accountability: Aumentar a transparência e a responsabilização do poder público constitui o último eixo estratégico desta agenda de reformas. Nos últimos anos, muito se avançou no Brasil em termos de democratização do Estado. Mas é necessário aprofundar este processo, pois a administração pública brasileira só será mais eficiente e efetiva caso possa ser cobrada e controlada pela sociedade.
Informações retiradas do artigo Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas.

Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rap/v41nspe/a05v41sp.pdf . Acessado em 04/08/2012 12h20.

ABRUCIO, F. L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. REVISTAS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2007.  SCIELO, BRASIL.


Nenhum comentário:

Postar um comentário