Definir
precisamente o real significado de “serviços” e uma difícil tarefa para os que
atuam na área da qualidade, de forma a auxiliar na compreensão deste significado,
diversos autores têm identificado características pertinentes aos serviços ao tentarmos
mensurar o valor intangível de algum produto ou serviço.
· simultaneidade
: serviços são
consumidos quase que simultaneamente ao momento em que são produzidos, tornando
difícil ou quase impossível detectar e corrigir as falhas antes que elas
ocorram e afetem o cliente.
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Neste artigo considera-se produto como sendo produto tangível e serviço
como sendo produto intangível.
· intangibilidade
: os serviços
representam um produto não físico, ou seja, não podendo ser transportados e/ou
armazenados;
· heterogeneidade
: a grande
variedade de serviços existentes e o forte relacionamento com o fator humano
dificultam a atividade de padronização e estimação de preços.
Curiosamente,
de acordo com o serviço que está adquirindo, o cliente poderá receber diversas
denominações, dentre as quais: consumidor, freguês, usuário, hóspede, paciente,
requisitante, etc.
Outro
aspecto importante é que em algumas situações o resultado de um serviço é
difícil de ser previsto.
Entretanto,
nota-se que atualmente os consumidores estão consultando pessoas que já tenham
experimentado um serviço/produto específico, antes de adquiri-lo.
Nestas
circunstâncias é importante notar que os clientes não avaliam somente os
aspectos tangíveis de um produto/serviço, mas também os aspectos intangíveis a
ele agregados.
Vale
ainda destacar que a prestação de serviços não é restrita apenas ao momento da venda,
mas engloba também atividades de pós-venda como manutenção e assistência
técnica, dentre outras. Ou seja: mais crítico em relação à qualidade dos
produtos e serviços oferecidos, o cliente vem desejando algo mais do que a
qualidade do produto e do atendimento no
momento
da compra. Neste ponto de vista, o produto deverá continuar funcionando perfeitamente
após a venda durante o prazo previsto para tal (vida útil) e isso somente será possível
com serviços pós-venda devidamente executados.
Em
resposta a este cenário de competição, muitas organizações têm buscado superar
as necessidades e expectativas dos clientes - estas organizações procuram
várias formas de superar a concorrência e garantir a fidelidade dos clientes em
relação aos seus produtos e serviços.
Entretanto,
observa-se que a qualidade dos serviços prestados ainda deixa a desejar em
muitos aspectos, como a apatia, a frieza, a inflexibilidade, no atendimento, o desrespeito
ao prazo de entrega, os preços elevados, a demora e a desorganização no atendimento
são algumas das queixas comuns dos clientes em relação aos serviços. Dentre as situações
tipicamente relatadas pelos clientes pode-se citar:
(i)
ao contactar uma organização (pessoalmente, por telefone, etc.), o cliente
deseja ser atendido da maneira mais rápida e eficaz possível. Entretanto, com
freqüência nota-se que, seja por despreparo ou má vontade do funcionário, o
cliente percorre vários setores da organização, recebe informações
desencontradas, sem ter o seu problema resolvido.
(ii)
muitas vezes o cliente busca informações junto a funcionários da limpeza ou da
segurança
de uma organização. Esta situação ocorre principalmente após o cliente receber
um mau atendimento de um recepcionista, ou quando este não encontra um funcionário
da organização disponível para prestar- lhe as informações desejadas.
(iii)
nos bancos, nota-se que muitos clientes ainda preferem realizar as operações
financeiras com os atendentes (“caixas”) a realizá-las nos terminais
eletrônicos. Um dos principais motivos para este comportamento é a
inabilidade/receio de utilizar os recursos da tecnologia de informação
(exclusão digital).
Essas
e muitas outras situações similares estão presentes tanto nas organizações privadas
quanto nas públicas. Particularmente, esta afirmação contraria o mito, até
pouco tempo difundido, de que a má qualidade em serviços somente era
característica de organizações públicas. Neste contexto, pode-se constatar que
algumas organizações públicas
que
se tornaram privadas estão fornecendo serviços com qualidade bem inferior aos anteriormente
prestados.
No
sentido de evitar ou eliminar a existência de problemas desta natureza, é fundamental
que as organizações possuam uma estrutura de gerenciamento direcionada para a
3. GERENCIAMENTO PARA A QUALIDADE DE SERVIÇOS
À
medida que a competição entre as organizações aumenta, o cliente torna-se cada
vez mais exigente e crítico em relação aos serviços prestados. Ou seja, os
padrões de qualidade de atendimento estabelecidos pelo mercado estão cada vez
mais severos.
Na
tentativa de evitar que serviços sejam fornecidos com má qualidade, sugerem
cinco procedimentos que devem ser implementados pelas
organizações:
· desenvolver
instrumentos de pesquisa para entender as reais necessidades e expectativas (explícitas
e implícitas) dos clientes;
· transformar
as necessidades e expectativas do consumidor em projetos de serviço que possam
realmente atendê- los;
· transformar
o projeto em especificações adequadas de serviço ou padrões que possam ser
implementados (nesta etapa, o benchmarking4 é uma técnica recomendada);
· prestar
os serviços em conformidade com as especificações estabelecidas;
· não
criar expectativas que não possam ser atendidas ou cumpridas (gap entre
as expectativas do cliente e o atual serviço fornecido).
Universidade Federal de Santa
Catarina
Florianópolis – SC - Brasil
www.producaoonline.inf.br
ISSN 1676 - 1901 / Vol. 5/ Num. 1/
Março de 2005
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