segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nostalgia...

Primeiro do mundo, metrô de Londres faz 150 anos e reativa maria-fumaça
 
Por: BERNARDO MELLO FRANCO
 
Teve discurso, banda de música e até um banquete subterrâneo para 700 pessoas. Foi com pompa e circunstância que Londres inaugurou, em 9 de janeiro de 1863, o primeiro metrô do mundo.
 
A curiosidade para testar a nova invenção era tão grande que a viagem planejada para durar 18 minutos se estendeu por duas horas e meia.
 
Os convidados, quase todos homens de fraque e cartola, queriam conhecer os detalhes de cada estação para contar aos amigos até o dia seguinte, quando o serviço seria aberto aos plebeus.
 
Para um povo que adora efemérides, os 150 anos do metrô de Londres serão um prato -ou um vagão- cheio.
 
Os ingleses já começaram a festejar a data com selos comemorativos, livros, exposições e, claro, muitas lembranças para os turistas.
 
A programação incluirá até uma viagem retrô numa maria-fumaça de 1898, restaurada pelo museu de transportes da cidade. Os ingressos já foram vendidos; os mais caros, a £ 180 (cerca de R$ 605).
 
Paul Curtis/Reuters
Trem restaurado na estação de Baker Street, para os festejos dos 150 anos do metrô
Trem restaurado na estação de Baker Street, para os festejos dos 150 anos do metrô
 
Quem investiu tanto dinheiro viajará num típico trem a vapor do século 19, enfumaçado e barulhento, mas com os trilhos colocados embaixo da terra. A solução foi bolada para driblar o engarrafamento de charretes e bondes puxados a cavalo e ligar estações ferroviárias à City, o centro nervoso de Londres.
 
Na época da inauguração, a capital do império britânico era a cidade mais populosa do mundo, com quase 3 milhões de habitantes.
 
O "tube" original refletia as divisões da sociedade vitoriana. Os passageiros viajavam separados em vagões de primeira, segunda e terceira classes. Aos poucos, o serviço se tornaria mais democrático e moderno. Vieram avanços como trens movidos a eletricidade (1890), escadas rolantes nas estações (1911) e portas automáticas (1923).
 
Na segunda guerra mundial (1939-1945), os túneis viraram abrigo antiaéreo para proteger a população de bombas da Alemanha nazista.
 
Mesmo assim, em 10 de maio de 1941, os nazistas o atingiram em 20 pontos, num ataque noturno que matou 1.500 londrinos.
 
Editoria de Arte/Folhapress


 
O heroísmo do período está bem documentado em "How the Tube Shaped London" [Allen Lane, 286 págs, R$ 84], lançado pelo aniversário. O livro lembra outras tragédias como o acidente de 1975 em Mooregate (43 mortos), e os atentados terroristas de 2005, que deixaram 52 mortos e mais de 700 feridos. Em 2005 o metrô voltaria a ser notícia quando o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto por engano pela polícia em uma estação.
 
Apesar dos traumas, os londrinos aprenderam a se orgulhar de seu "underground", de dar inveja a qualquer cidade brasileira. A rede leva 1,1 bilhão de passageiros por ano. São 11 linhas e 402 km de trilhos, quase o trajeto Rio-São Paulo.
 
O metrô é onde Londres se revela mais multicultural, com gente de todas as línguas e etnias. O clima de Torre de Babel só não é maior porque os passageiros dedicam cada vez mais tempo à companhia silenciosa de smartphones.
 
 
 
 
 
FRANCO, Bernardo Mello; Primeiro do mundo, metrô de Londres faz 150 anos e reativa maria-fumaça.DE LONDRES. Mundo. Disponível em

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